Na última sexta-feira, 2 de junho, o Programa de Pós-Graduação em Educação (PPEdu) da Universidade Estadual de Londrina (UEL) comemorou uma conquista histórica: a geógrafa Jaqueline de Paula Sabino se tornou a primeira indígena a obter o título de Mestra em Educação.

Jaqueline, pertencente à etnia Kaingang, apresentou sua dissertação com o tema “Professores Indígenas de Geografia: Os Limites e Potencialidades Acerca de suas Formações Acadêmicas e o Desenvolvimento de uma Geografia Intercultural”.

Em sua defesa, Jaqueline destacou a importância de sua conquista para a comunidade indígena, tanto dentro quanto fora da UEL. Ela enfatizou que essa realização demonstra que é possível e necessário ocupar espaços de formação e qualificação profissional, garantindo visibilidade e voz aos povos indígenas e promovendo a interculturalidade nos ambientes educacionais.

"É um prazer e uma realização muito significativa para mim poder conquistar esses espaços que por muito tempo foram inacessíveis para nós e que hoje estão se tornando realidade", afirmou a nova mestra em Educação.

Apesar de sua experiência positiva durante a graduação e o mestrado, Jaqueline reconhece que muitos estudantes indígenas ainda enfrentam desafios significativos. “Existe preconceito por parte de colegas e até mesmo de professores. É horrível pensar que a construção social imposta pela cultura euro-ocidental ainda nos vê como inferiores e incapazes. A universidade deveria ser um espaço de construção de conhecimento, onde essa visão não persistisse”, relatou.

O professor Ricardo Lopes Fonseca, orientador de Jaqueline no PPGEdu, ressaltou que sua pesquisa possui um impacto social relevante, pois pode influenciar políticas educacionais na formação de professores e na educação básica. "A dissertação de Jaqueline oferece perspectivas formativas interculturais para instituições de ensino superior e escolas indígenas", afirmou.

O Ciclo Intercultural de Iniciação Acadêmica, criado pela Comissão Universidade para os Indígenas (Cuia), foi fundamental para a ambientação de Jaqueline e outros alunos indígenas, ajudando a amenizar o choque cultural no ingresso à universidade. "O ciclo me ajudou em muitas questões, tanto na adaptação quanto para minhas decisões futuras", destacou Jaqueline.

O professor Wagner Roberto do Amaral, coorientador de Jaqueline e coordenador da Cuia, comentou que a presença dela no mestrado abre caminhos e inspira outras meninas e mulheres nas aldeias e territórios indígenas. "A UEL tem se destacado pelo acolhimento dos estudantes indígenas, e o Ciclo Intercultural é uma prova do nosso compromisso em fortalecer esse percurso", concluiu.

Essa conquista de Jaqueline de Paula Sabino não apenas marca um passo importante para a inclusão indígena na educação, mas também serve como inspiração para futuras gerações de estudantes indígenas.

Fonte: O Perobal - UEL.

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